O amante brasileiro

O amante brasileiro

o-amante-brasileiroOs amantes: Luciana Domschke (Clara) e Ricardo Bittencourt (Sébastien)


trecho

tenho certeza de que você se lembra
porque parece que foi ontem
nós estamos no elevador do prédio onde você mora
eu te conto o que eu disse para o meu filho antes de sair: “Até logo, eu já vou indo, vou encontrar o meu amigo brasileiro”
você ri porque você é meu amante e você é francês
e daí você me sai com: O amante brasileiro, o título da tua peça é esse, Eva


resumo

O amante brasileiro é uma peça estruturada por uma troca de e-mails entre dois personagens, Clara e Sébastien, marido de Claude. Clara e Sébastien se amam verdadeiramente. O que eles mais querem é o acordo. Se um acaso não souber como deve agir para coincidir com o outro, simplesmente nada faz. Até saber.

A palavra delicadeza é a que melhor convém a esses dois amantes. Porque o amor verdadeiro – flor rara – tem como referência a amizade, e a traição lhe é tão estranha quanto o sentimento de ter sido traído.

Embora a peça não tenha sido escrita para ensinar isto ou aquilo, seus primeiros leitores viram nela o instrumento de uma nova educação amorosa – e é bem verdade que há duas lições em O amante brasileiro. A primeira é que o amor é um rito e este tanto depende da palavra quanto da realidade do encontro ‑ que a internet favorece, porém não propicia. A segunda é que o amor só é feliz quando o entendimento entre os parceiros está acima do gozo.

Só a comunhão faz a eternidade soar, como diz Clara num dos seus tantos e-mails para Sébastien, ou melhor, Sebastião, pois ele nasceu na França, mas foi rebatizado nas águas do Brasil.

A peça tem quatro atos e foi escrita para três atores. Uma  atriz no papel de Clara, um ator no papel de Sébastien e uma atriz no papel de Claude.


histórico

Depois de ter publicado O amante brasileiro pela Editora A Girafa em 2003, Betty Milan adaptou o romance para o teatro. Tão logo fechada a primeira versão da peça, a autora recebeu em sua casa em Paris os atores do Teatro Oficina, que voltavam da turnê de Os sertões pela Alemanha. O grupo aproveitou a oportunidade para fazer a leitura de mesa do texto, seguida de festa de confraternização. A peça foi lida depois no Teatro Oficina em 16/02/2004 e no Auditório da Folha em 2/03/2004 por Luciana Domschke e Ricardo Bittencourt, atores do Oficina, com direção de Fransérgio Araújo. Ainda em 2004, a peça foi montada no Teatro Oficina com mesmo elenco e direção. Nessa última ocasião, Betty Milan, a autora, fez Claude. A montagem teve sucesso de crítica (fotos).


opinião

“A primeira leitura de O amante brasileiro, adaptação teatral do romance de Betty Milan, no dia 16 de fevereiro, foi uma noite histórica do Teatro Oficina, em que os mistérios de sua longevidade de eterna juventude… se revelaram.”
José Celso Martinez Corrêa, 25/02/2004

“Terceira peça de Betty Milan, dá continuidade à sua busca de um ‘Teatro da Voz’. A autora vence os desafios do gênero, sobretudo por seu grande manejo da língua. Como boa psicanalista, sabe alternar conceitos abstratos com fatos triviais, em um processo de reconstrução da realidade (que os blogs vêm generalizando) e a consumação física do desejo é quase inteiramente substituída pela volúpia da palavra.”
Sérgio Salvia Coelho, crítico teatral, Folha de S. Paulo, 5/09/2004


fortuna crítica

Amar é uma performance
José Celso Martinez Corrêa

Peça celebra o amor clandestino e permite redescoberta do desejo
Sérgio Salvia Coelho