Substância, clareza e precisão

Substância, clareza e precisão

 

Claudio Willer (1)

Esta série de entrevistas sobre o século XX, antes publicada na imprensa e agora em livro, busca o universal, abarcando as dimensões do humano em sua relação com o mundo, dando-lhes um tratamento não acadêmico. Sua amplidão temática a torna atraente, sem perda de substância, clareza e precisão. A boa escolha de entrevistados e assuntos lhe confere originalidade. Interessa-nos, a nós brasileiros, integrantes da cultura planetária, ao coincidir com debates e publicações sobre o novo milênio, buscando saber o que o futuro nos reserva. Para tal, para essa prospecção, é indispensável à compreensão do que aconteceu ou ainda acontece.

Interessa examinar suas relações com o conjunto da obra de Betty Milan, que inclui ensaios, narrativas, crônicas, entrevistas com escritores e prosa poética. Aparentemente, criações distintas, até divergentes. Mas há coerência na diversidade. Comum a todas, algo de inconcluso, o modo interrogativo ou reticente, apresentando sugestões e provocações, mais que argumentações fechadas e conclusões definitivas. Em O século, Betty Milan, em vez de questionar a si mesma, como em O Papagaio e o Doutor, ou a escritores, como em A força da palavra, interroga o mundo, valendo-se da mediação de especialistas. A constante indagação, expressão do senso crítico, é uma atitude literária por excelência. Que resulta, também, em jornalismo de qualidade, conforme pode ser visto aqui.

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1. Claudio Willer, poeta, ensaísta e tradutor, autor de Os jardins da provocação e Volta, entre outros.